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Caminhando em conflito

qua 24 agosto, 2011

A pergunta da semana passada foi “quem matou a Norma”. Ok, eu não estava prestando atenção à novela, mas até no CBN Brasil ficaram fazendo enquetes, era impossível não reparar. Agora a pergunta é “aonde está Kadafi?”. O conflito na Líbia chega ao ápice, os rebeldes tomam o poder. Todo poder ao povo.

Mas aonde está o ex-ditador? Será que ele ainda usa aquelas roupas extravagantes?

Sinceramente, acho muito bonito esse papo do povo lutando por sua liberdade e tudo mais. Mas acho estranho a visão “libertadora” da internet nisso tudo. E os comentários desses efeitos  no Brasil.

Internet não sai às ruas. No Brasil,  temos uma massa de reclamadores de internet. Críticos vorazes. Twitteiros. Facebookeiros. Todas os espécimes da fauna e flora internética. Só que o simples reclamar é muito aquém da mobilização. Quem disse que o poder de indignação é o mesmo que realiza a mudança, ou não conhece o histórico social do país, ou, simplesmente, é otimista demais.

Alguém pode lembrar: Mas no Espírito Santo tivemos uma bela passeata contra a truculência policial em junho de 2011. Sim, muito bonito. Mas, além da baderna no Centro de Convenções, a escapada do Michel Temer e a aparição de colegas no Jornal Nacional, qual resultado o movimento estudantil conseguiu? Resultados concretos.

O Herkenhoff continua no cargo. O passe livre, ou preço da passagem, continua o mesmo. O que mudou, então? Nada.  Foi só um tumulto para nada, pro lugar nenhum. A indignação é muito distante da mobilização. A mobilização é muito distante da mudança. As pessoas se indignam com preços de passagens, mas se dão por satisfeitas depois de registrarem alguns boletins de ocorrência e acabar com um evento. Querem a cabeça do secretário, por causa da truculência policial, mas, dois meses depois, é como se não tivesse acontecido.

E voltamos à Líbia e aos países árabes. A revolução pode ter nascido da internet. Assim como podia ter nascido de rádios clandestinas, de panfletinhos. Mas foi facilitada pela comunicação livre da internet.

Ok!

Um aplauso para a internet!

Mas se ninguém levantar a porcaria da bunda da cadeira, traçar um objetivo e usá-lo como ideal, vai adiantar alguma coisa? Aliás, se as pessoas pararem de achar bonito o simples “ir à manifestação e participar do momento” e ir, de fato, para mudar alguma coisa, acreditando nela, nem que seja a mais absurda reivindicação, nunca conseguiremos nem a derrubada de um poste, quanto mais a derrubada de um corrupto.

Por Daniel Vieira de Figueredo

Um comentário

  1. Me tornando fã deste blog.



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